terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Hosanas ao Novo Provincial!

A alegria inundou nossos corações quando recebemos a notícia de que o Pe. Miguel havia sido nomeado Provincial da Província Brasil Nordeste da Companhia de Jesus.

Entre as diversificadas missões já assumidas, que o capacitam para esta, mais recente e desafiadora, Pe. Miguel também foi Diretor do CIES de Salvador, no período de 2000 a 2004. Naquela oportunidade, foi-nos concedida a graça de fazer a experiência da convivência alegre, da espiritualidade recheada de música e poesia, do fazer administrativo com leveza, sensibilidade e dedicação, marcas do ser e agir deste jesuíta que agora acolhemos como Padre Provincial.

Na certeza de que estamos inseridos e comprometidos com a sua missão, transcrevemos, aqui, a sua primeira correspondência após a notícia do provincialato:

“Companheiros queridos,

Ontem de manhã bem cedo, subi o Morro da Conceição. Fui entregar a Nossa Senhora, arranjados como num maço de flores, o turbilhão de sentimentos experimentados desde a manhã do dia anterior, quando me foi comunicada a escolha do Pe. Geral. Na verdade, fui pedir à padroeira para me ajudar a lidar com esta nova situação. Ninguém como ela entende de pedidos assim grandes, quando o Mistério dialoga com a nossa pequenez. Misturado à multidão, na praça do alto do Morro, sob o sol de dezembro, o único pedido que me vinha ao coração, como um mantra, era: “Dá-me a tua Graça, é só isso que eu quero e preciso”. Peregrino, como Santo Inácio no alto do morro, coloquei aos pés da Virgem o meu desejo de ser um humilde servo da glória e do amor de Deus.

Nestes dois últimos dias, tenho experimentado uma paz que eu não imaginava ser possível, diante de desafio tão grande. Esta serenidade, tenho certeza, é fruto do amor de Deus, de sua Graça abundante que toma conta de mim. A chuva de e-mails, torpedos, telefonemas e abraços que me chegam nestes dias é como uma rede de bênçãos, que me traz a segurança que preciso para dizer sim a Deus sem medo. Obrigado pelo carinho e a amizade de todos. Não foi esta a mesma experiência que sustentou os sonhos daqueles estudantes de Paris, tantos séculos atrás? Tenho consciência dos desafios que tenho pela frente. Mas também tenho a consciência de que os enfrentaremos juntos. Isto sim, me consola.”

Grande abraço a todos!
Em Cristo, Companheiros.
Miguel sj

domingo, 5 de dezembro de 2010

DEUS ÍNTIMO E AMANTE


Todos os dias Ele rasga o céu e entra no mundo, pequeno e nu.
Precisado de nós, come o pão que o diabo amassou, trôpego e embriagado pelo PAI, qual ébrio nas madrugadas.
Anuncia o Reino, mas aparenta ser plebeu e pobre que nem Jó.
Sua divindade contaminada de carne humana, na nossa carne torna-se Deus com a nossa cara, nossos achaques, nossas mortes e ressurreições de cada dia.
Ele é o Nosso Senhor, mas tão íntimo parece outro Eu conosco, de quem não é ocultado o que de nós mesmos se oculta.
Quando nos esquecemos de Lhe abrir a porta, senta-se no batente e espera que sintamos sua falta. Então, entra e faz a festa, serve-nos sua Palavra, às vezes guardada, pois Ele soube antes que precisaríamos dela e por acaso abriríamos a gaveta...
Ele não nos deixa na penúria: investe nossos bens espirituais, poupando em nossa alma uma ou outra jaculatória, como “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”, promessa sussurrada que nos convence: dormimos em paz como criançinha no colo materno! Oh, tesouro de que tanto precisamos!
Se pedimos, aconselha-nos o jeito, a busca, a renúncia, falar ou silenciar.
Espera cem anos até ser escutado. Ele não grita, nunca eleva a voz, não clama nas ruas. Não quebra o caniço rachado, não extingue a mecha que ainda fumega (Is. 42, 2-3).
No cansaço, carrega conosco nossa cruz de gravetos e nos fortalece com o Pão e com o Vinho, alimentos que nos oferece.
Quando nos achegamos arrependidos, esconde-nos o rosto na curva de seu ombro antes que possamos dizer, pois se há algo que O aborrece é ouvir-nos falar mal de alguém, ainda que seja de nós próprios.
Sendo nós tão livres e Ele tão definitivamente colado em nós, torna-se cúmplice de nossos delitos. Qualquer tribunal humano condenaria um Deus assim, razão de suas cicatrizes que nos recordam uma cruz...
Sabendo-O ferido, quem sabe queiramos cuidar Dele, beijar-Lhe a face, declarar nosso amor. Mas, então, sutil e firmemente, Ele desviará nossas mãos e nosso olhar para o mundo, onde Ele tem várias caras e donde nos olha, espera, chora e ri.
Se nos deixamos atrair, celebramos o Natal, nós e Ele, em todos.
Hoje, amanhã, e depois também.

Nas alegrias e consolações do natal cotidiano,
a feliz celebração do Advento e do Natal Santo.

Iranaia – Natal 2010