O CIES retomou suas atividades neste domingo, dia 26 de fevereiro, com o Dia de Oração e Espiritualidade sobre a temática da Campanha da Fraternidade 2012, focalizando As Curas de Jesus, sob a orientação de Lêda Pedreira. Após a alegria do reencontro, fomos silenciando pouco a pouco, para ver imagens retratando a situação da saúde em nosso contexto social e escutar o Hino da CF. Como oração inicial, rezamos o Sl 131 (130), deixando-o ressoar, por alguns minutos, em nossos corações.
Em seguida, Lêda afirmou que o lema “Que a saúde se difunda sobre a terra” se articula, naturalmente, com o do ano anterior, quando rezamos “A Criação geme em dores de parto” e, lembrando que ali estávamos, não como médicos ou técnicos, mas como pessoas de fé, apresentou-nos os textos bíblicos para a oração: Mc 1, 40-45; Jo 9, 1-41; Mc 7, 31-37, ressaltando que, neste primeiro momento, deveríamos pôr o olhar em Jesus. Ressaltou, então, que Jesus era uma pessoa única, especial. Judeu, pobre, filho de operário, tinha um diferencial que foi se revelando pouco a pouco. Numa permanente atitude de acolhida, sente imensa compaixão, deseja curar sempre, ao curar, Ele toca física e psicologicamente a pessoa.
Também destacou que o leproso, na época, era um excluído, mas ele percebeu que Jesus tinha algo diferente e que poderia curá-lo. E Jesus o reintegra e lhe restabelece a conexão com Deus e com os homens. Em Jo 9, 1-41, apontou que este cego chega a seguinte conclusão: Jesus "É PROFETA". Os escribas da Lei buscavam uma explicação científica para a cura de Jesus, sobretudo porque Jesus não guardava o sábado, mas a compaixão de Jesus ultrapassa a Lei. Ao recuperar a visão, o cego passa, não só a ver, mas, também, a se integrar na sociedade, recupera sua dignidade.
E prosseguiu a reflexão, citando mais uma passagem do Evangelho de Marcos, “A cura de um surdo gago” (Mc 7, 31-37): um homem que vivia encarcerado na sua surdez , fechado para a fé, porque a religião judaica era fundamentada na escuta, como sabemos do “Shemá Israel”. Chamou atenção para a delicadeza de Jesus, quando afasta o cego da multidão, fica sozinho com ele e toca-o; o gesto de Jesus olhar para o céu estabelece a ligação com o Pai, restabelecendo uma ligação entre o homem e o Transcendente. Ao encaminhar-nos para o momento de oração pessoal, Lêda orientou-nos para ler, reler, mergulhar no texto e, com amor e encantamento, concentrarmo-nos na pessoa de Jesus, observando os seus gestos, as suas palavras, o sentimento que o move e anotar o que mais tocou, o sentimento que emergiu na oração, a inspiração que veio.
Lêda destacou que Jesus olha e vê. E aquilo que ele vê toca fundo o seu coração, as suas entranhas. De sua profunda compaixão brota o desejo de curar e Jesus então toca o doente.
Para o segundo momento, foram propostos os textos de Mc 10, 46-52 e Mc 5,25-34. É um ato de fé, humildade e desejo. Bartimeu é mais um cego, outro marginalizado, que pede esmolas à beira do caminho (Mc 10,46) e que, ao ouvir Jesus, começa a gritar: “Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim!” Jesus manda chamá-lo e pergunta: “Que queres que te faça?” Bartimeu responde: “Rabbuni! Que eu possa ver novamente”. Jesus lhe disse: “Vai tua Fé te salvou”. Primeiro, Jesus escuta Bartimeu, que vem em postura de humildade e abertura, pois o que age em nós é a força de Deus.
Prosseguiu Lêda afirmando que Jesus escuta, chama, entra em diálogo, cura e envia para a vida. Em Mc 5, uma mulher não tem seu nome identificado como o cego Bartimeu, nem a sua coragem de gritar, mas sua Fé é suficiente para crer que, se chegar perto de Jesus e tocá-lo, ficará curada. Jesus não se limita à relação de cura, Ele quer chegar mais profundo, por isso volta-se, identifica quem o tocou, e diz: “Ânimo, minha filha, tua fé te salvou”. De excluída, a mulher passa à categoria de filha. Leda sugeriu, então, que fôssemos para a oração, buscando concentrar o olhar, agora, no doente que é curado e, também, que cada um olhasse para si mesmo, a fim de perceber aquilo que o faz sentir-se excluído/a, para saber dizer a Jesus o que deseja que Ele cure, porque nem sempre conhecemos e encaramos nossas fragilidades físicas ou psíquicas e nem sempre é fácil verbalizá-las.
À tarde, Lêda recordou que, quando estamos em dificuldade, recorremos a Nossa Senhora, aos santos e santas como mediadores, e, muitas vezes, não nos dirigimos diretamente a Jesus Cristo; contudo, é Deus quem nos cura através de Jesus, e Ele mesmo nos deixou a certeza: “Estarei com vocês até o fim dos tempos”. Também refletiu sobre a realidade da saúde em nosso ambiente, o Sistema de Saúde que está em vigor em nosso país, que, embora modelar no papel, não funciona como deveria. Destacou, ainda, o trabalho da Doutora Zilda Arns na Pastoral da Saúde, de Irmã Dulce, de Madre Teresa de Calcutá, Dr. Eugênio Scannavino, o infectologista de S. Paulo que criou a ONG Saude e Alegria no Pará e já reduziu significativamente o índice de mortalidade infantil devido à diarreia, o trabalho do Barco Abaré, a Rede Suruaca de Mocoronga, que ensina saúde pública preventiva, etc. e pediu que buscássemos investigar os trabalhos e as instituições que têm como objetivo melhorar as condições de saúde da população, a fim de nos engajarmos e fortalecermos estas iniciativas. Em seguida, reunimo-nos em subgrupos para partilhar as iniciativas que temos aqui em Salvador e identificar como poderemos ajudar.
Às 16 horas iniciamos a Celebração Eucarística, presidida por Pe. Eliomar Ribeiro SJ, atual Diretor do CIES, que destacou, em sua homilia, a primeira leitura (Gn 9,8-15) onde a presença do arco-íris no céu, após o dilúvio, é o sinal do compromisso assumido por Deus e que abraça todos os homens e todas as criaturas. E disse-nos que, na segunda leitura, Pedro retoma a história do dilúvio e dela se serve para explicar aos cristãos que a água do Batismo produz os mesmos efeitos, isto é, destrói o homem antigo e faz nascer um homem novo. O batismo marca o fim do pecado e faz nascer uma vida nova, segundo o Espírito (1Pd3,18-22). Destacou que o Evangelho deste primeiro Domingo da Quaresma (Mc1,12-15) nos ensina como começou a ser alcançada a vitória sobre o pecado, mostrando que o próprio Jesus se manteve firme diante das provações. Explicou, ainda, o significado do deserto como lugar da adversidade, da instabilidade, da insegurança, onde até Jesus foi tentado pelo “inimigo da natureza humana”. Lembrou que Marcos descreve as três realidades em que Jesus é tentado: do ter, do prazer, do poder e, em paralelo, Jesus apresenta-nos três atitudes: jejum, oração e a caridade. E disse, ainda, que Jesus, logo após ser batizado, é levado ao deserto, mostrando que está entre os seres de luz e os seres selvagens, para nos lembrar que não somos melhores que ninguém, mas devemos levar uma vida coerente, buscando encontrar e nos manter na luz de Deus. Convocou-nos a manter acesa a luz do Batismo e renovar a nossa aliança com Deus no dia a dia, porque a vida eterna é/ ou já começa agora e a oração nos dá lucidez, enquanto ilumina e abre os nossos sentidos para que sejamos sinais de Deus neste mundo. A seguir, convidou toda a assembleia para rezar a Oração da Campanha da Fraternidade 2012. (Marize Pitta e Cesarina Marques)
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