Então, passou
a discorrer sobre os aspectos da nossa prática de oração no estilo inaciano,
lembrando que há razões antropológicas e razões bíblico-teológicas que podem
ajudar a compreender a importância de colocar-se
diante de Deus com envolvimento, em atitude de busca e fidelidade: é
inerente à natureza humana o preparar-se
para...Ressaltou: desde a concepção,
no seio materno, incluindo toda a preparação para chegarmos a ser quem hoje
somos, tudo, na vida, supõe preparação. Dentre as razões
bíblico-teológicas, encontramos:
1. A relação de Jesus com os discípulos foi marcada pela oração, precedida pelo convite a “retirar-se...” ir para um lugar deserto, ao silêncio.
1. A relação de Jesus com os discípulos foi marcada pela oração, precedida pelo convite a “retirar-se...” ir para um lugar deserto, ao silêncio.
2. É próprio de Deus envolver a participação ativa do ser humano na
relação, através dos dons, talentos, da sua capacidade, da liberdade humana; a
relação com Deus é uma relação responsável, Deus não age automaticamente, Ele
quer que o ser humano dê a sua resposta, pois, enquanto não der a resposta,
Deus fica sem condição de agir. Deus quer precisar da nossa disposição.
3. Deus leva a pessoa humana a sério, ela é sujeito da história. O
caminho se faz ao caminhar, nós somos construtores, por isso a importância de
envolver as quatro dimensões fundamentais: a liberdade (o querer), a vontade
(abertura), a inteligência (possibilita fazer as articulações) e o afeto
(sentimentos profundos). É neste sentido, que se coloca estas dimensões na
oração, porque Deus me leva a sério e para me deixar conduzir pelo Espírito
Santo.
Enfatizou
Pe. Anchieta que é preciso resgatar o dinamismo trinitário da nossa fé: o
Espírito de Deus, que está em mim, me conduz a Jesus e me faz compreender
melhor Jesus, que me leva ao Pai, já que, muitas vezes, somos cristomistas,
esquecendo-nos das outras pessoas da Trindade. A nossa oração é, sempre, ao
Pai, que Jesus veio revelar, e só vê o Pai em Jesus quem tem o Espírito Santo.
A finalidade é conhecer, é chegar ao Pai, pois é no Pai que encontramos o
sentido da fé.
Em
seguida, Pe. Anchieta apresentou um roteiro, uma proposta para a oração pessoal
nesta manhã:
1. Prevendo o tempo, que cada pessoa encontre o local ideal para
este ENCONTRO, lembrando que, na verdade, o local é que me atrai e vai me
ajudar (ou não) a entrar em oração. Ter presente o tempo, o texto, o modo, a
posição corporal.
2. Fazer a oração preparatória, o gesto de reverência, que poderá
ser acompanhado com a palavra, uma expressão diante d’Aquele que já está me
esperando.
3. Compor os prêmbulos ou
ambientação: lembrar o texto ou a história, o tema, a matéria da oração,
percebendo a ressonância interior; é a “composição do lugar” onde se passou o
tema da oração e que já faz emergir a
4. Petição: quando manifesto o meu desejo, o que eu quero, a partir
daquilo que o tema suscitou em mim.
5. Entrar no âmago da oração: fazer a leitura orante da Palavra de
Deus, visando tirar uma mensagem religiosa para mim. Pode-se indagar: o que diz o texto em si? O que diz o texto a
mim? Daí, meditar, ruminar, deixar que o texto me diga algo no meu contexto
de vida. Lembrar que a oração é a resposta, ou seja, é aquilo que o texto me
faz dizer. Supõe, então: contemplar, saborear e perceber o que me move, me leva
a realizar. Incluir um colóquio, que poderá ser a Maria, a Jesus, ao Pai...
6. Fazer a revisão da oração, buscando o fruto da experiência
vivenciada, ao identificar: a palavra que foi mais forte, o sentimento
predominante e o apelo que suscitou.
O texto
bíblico proposto foi Jo 20, 1-18, com os seguintes pontos:
- Trata-se do primeiro dia
da semana: é uma relação com a Ressurreição de Jesus como uma experiência que
traz consequências para a vida da Humanidade: a Nova Criação;
- Maria Madalena vai ao
sepulcro para quê? Para encontrar-se com um cadáver, porque sente a dor da
perda, a saudade;
- É madrugada, está escuro;
lembrar que Nicodemos também foi ao encontro de Jesus à noite; o sentimento
impede de ver a luz; temos aí luz e trevas;
- Madalena vê que a pedra
foi retirada do sepulcro, mas não percebe o sinal da Ressurreição, e diz que o
cadáver foi roubado, não transpõe o fato material;
- As figuras de Pedro (que dá
a direção) e João (que representa o amor); o amor chega primeiro; o amor de
Deus por mim é que vence toda e qualquer corrida, toda e qualquer competição;
- O sudário está
cuidadosamente dobrado, ou seja, a Ressurreição de Jesus é obra do Pai, que
cuida, protege;
- A compreensão vem do
reconhecimento, de ouvir a voz de Deus em meio à dor, ao sofrimento;
- “meu Mestre”, mostra a
relação pessoal que transforma a tristeza em alegria, a dor em alívio, a
escuridão em luz.
O
silêncio orante desta manhã lembrava um contexto de retiro. Concluímos a
experiência com a Celebração Eucarística na Capela do CIES. (Marize Pitta)
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