terça-feira, 30 de abril de 2013

Manhã de Espiritualidade em abril...

O tempo chuvoso não nos impediu de ir ao CIES para exercitar a oração inaciana e escutar as orientações de Pe. Anchieta SJ, que iniciou convidando-nos a recordar que oração é encontro com o Senhor, “um encontro fecundo, cuja relação vai nos ajudar a melhor nos relacionarmos com o nosso entorno”. E destacou: “tudo acontece com uma preparação, embora possamos indagar: por que preparar a oração, se a relação com Deus prescinde de formalidades?”
Então, passou a discorrer sobre os aspectos da nossa prática de oração no estilo inaciano, lembrando que há razões antropológicas e razões bíblico-teológicas que podem ajudar a compreender a importância de colocar-se diante de Deus com envolvimento, em atitude de busca e fidelidade: é inerente à natureza humana o preparar-se para...Ressaltou: desde a concepção, no seio materno, incluindo toda a preparação para chegarmos a ser quem hoje somos, tudo, na vida, supõe preparação. Dentre as razões bíblico-teológicas, encontramos:


1. A relação de Jesus com os discípulos foi marcada pela oração, precedida pelo convite a “retirar-se...” ir para um lugar deserto, ao silêncio.
2.      É próprio de Deus envolver a participação ativa do ser humano na relação, através dos dons, talentos, da sua capacidade, da liberdade humana; a relação com Deus é uma relação responsável, Deus não age automaticamente, Ele quer que o ser humano dê a sua resposta, pois, enquanto não der a resposta, Deus fica sem condição de agir. Deus quer precisar da nossa disposição.
3.      Deus leva a pessoa humana a sério, ela é sujeito da história. O caminho se faz ao caminhar, nós somos construtores, por isso a importância de envolver as quatro dimensões fundamentais: a liberdade (o querer), a vontade (abertura), a inteligência (possibilita fazer as articulações) e o afeto (sentimentos profundos). É neste sentido, que se coloca estas dimensões na oração, porque Deus me leva a sério e para me deixar conduzir pelo Espírito Santo.

Enfatizou Pe. Anchieta que é preciso resgatar o dinamismo trinitário da nossa fé: o Espírito de Deus, que está em mim, me conduz a Jesus e me faz compreender melhor Jesus, que me leva ao Pai, já que, muitas vezes, somos cristomistas, esquecendo-nos das outras pessoas da Trindade. A nossa oração é, sempre, ao Pai, que Jesus veio revelar, e só vê o Pai em Jesus quem tem o Espírito Santo. A finalidade é conhecer, é chegar ao Pai, pois é no Pai que encontramos o sentido da fé.

Em seguida, Pe. Anchieta apresentou um roteiro, uma proposta para a oração pessoal nesta manhã:
1.      Prevendo o tempo, que cada pessoa encontre o local ideal para este ENCONTRO, lembrando que, na verdade, o local é que me atrai e vai me ajudar (ou não) a entrar em oração. Ter presente o tempo, o texto, o modo, a posição corporal.
2.      Fazer a oração preparatória, o gesto de reverência, que poderá ser acompanhado com a palavra, uma expressão diante d’Aquele que já está me esperando.
3.      Compor os prêmbulos ou  ambientação: lembrar o texto ou a história, o tema, a matéria da oração, percebendo a ressonância interior; é a “composição do lugar” onde se passou o tema da oração e que já faz emergir a
4.      Petição: quando manifesto o meu desejo, o que eu quero, a partir daquilo que o tema suscitou em mim.
5.      Entrar no âmago da oração: fazer a leitura orante da Palavra de Deus, visando tirar uma mensagem religiosa para mim. Pode-se indagar: o que diz o texto em si? O que diz o texto a mim? Daí, meditar, ruminar, deixar que o texto me diga algo no meu contexto de vida. Lembrar que a oração é a resposta, ou seja, é aquilo que o texto me faz dizer. Supõe, então: contemplar, saborear e perceber o que me move, me leva a realizar. Incluir um colóquio, que poderá ser a Maria, a Jesus, ao Pai...
6.      Fazer a revisão da oração, buscando o fruto da experiência vivenciada, ao identificar: a palavra que foi mais forte, o sentimento predominante e o apelo que suscitou.

O texto bíblico proposto foi Jo 20, 1-18, com os seguintes pontos:
- Trata-se do primeiro dia da semana: é uma relação com a Ressurreição de Jesus como uma experiência que traz consequências para a vida da Humanidade: a Nova Criação;
- Maria Madalena vai ao sepulcro para quê? Para encontrar-se com um cadáver, porque sente a dor da perda, a saudade;
- É madrugada, está escuro; lembrar que Nicodemos também foi ao encontro de Jesus à noite; o sentimento impede de ver a luz; temos aí luz e trevas;
- Madalena vê que a pedra foi retirada do sepulcro, mas não percebe o sinal da Ressurreição, e diz que o cadáver foi roubado, não transpõe o fato material;
- As figuras de Pedro (que dá a direção) e João (que representa o amor); o amor chega primeiro; o amor de Deus por mim é que vence toda e qualquer corrida, toda e qualquer competição;
- O sudário está cuidadosamente dobrado, ou seja, a Ressurreição de Jesus é obra do Pai, que cuida, protege;
- A compreensão vem do reconhecimento, de ouvir a voz de Deus em meio à dor, ao sofrimento;
- “meu Mestre”, mostra a relação pessoal que transforma a tristeza em alegria, a dor em alívio, a escuridão em luz.
O silêncio orante desta manhã lembrava um contexto de retiro. Concluímos a experiência com a Celebração Eucarística na Capela do CIES. (Marize Pitta)


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