Ao
mesmo tempo em que os meios de comunicação se tornam mais velozes e eficientes
na busca de transmitir e receber informações, o ser humano é convidado a mudar
o modo de Ser, pensar, escutar. Escutar não só com os ouvidos, mas com o corpo
e o coração: SER TODO ‘OUVIDOS’. Com este objetivo, 36 pessoas participaram da
Oficina de Escuta Orante realizada nos dias 06 e 07 de abril, no CIES-Salvador, sob
a Ação do Espírito Santo e conduzida por Marize Pitta, que usou vários modos de
orar, refletir, partilhar e escutar; assim, a Oficina ofereceu a oportunidade de
experienciar, saborear interiormente, perceber a importância de ESCUTAR e a
responsabilidade com tudo o que se ouve: confidencialidade.
Eis
o relato de Andréa Bulcão, uma das participantes: “Uma Experiência Essencial.
Tinha este desejo de aprofundar a Escuta, já que, por força da profissão e pela
ação da Providência, muitas pessoas acabam por partilhar suas vidas comigo,
pedir auxilio, oração... Foi assim que me propus a compreender este talento que
o Senhor parece confiar-me e foi, realmente, um momento especial. Pude
relembrar a necessidade de escutar, primeiramente, o Senhor, que está vivo,
colocar-me em sintonia com Ele. Também retomar a necessidade de escutar a mim
mesma para, assim, melhor atender àquele que entra em contato comigo. Gostei de
tudo: A condução da oficina foi muito feliz, as dinâmicas bem colocadas, os
momentos de oração e partilha, os irmãos que a Providência enviou para caminhar
junto, o ambiente de oração, especialíssimo, proporcionado pela localização do
CIES...
Recomendo para toda pessoa que
deseja colocar-se na caminhada da Escuta Orante e ouso dizer que todos nós
precisamos nos pôr a caminho para experimentar, como os discípulos de Emaús, o
Senhor que nos fala e se nos revela”.
Prossegue a Ir Sirlei: quando me coloco para ouvir alguém, devo
ter consciência da presença divina, que perpassa a vida de quem escuta e de
quem é escutado. Ao escutar, muitas vezes, queremos também ser ouvidos, o
desafio é deixar o centro, para que o outro seja o centro, pois é isso o que
acontece na escuta. O silêncio é indispensável para quem oferece seus ouvidos
para o outro, e esse é um grande desafio, porque o silêncio não é só a ausência
de sons externos, mas, também, a ausência de ruídos internos. Ficar calado não
é sinônimo de escuta. Escutar exige tempo, disposição para deixar o outro ser
ele, se expressar. A atenção deve ser dada, também, à fala, pois essa vai além
da verbal, o corpo, os gestos, suspiros...
também falam, é preciso ler nas entrelinhas. A paciência é fundamental,
o tempo não é o meu, nem o que estipulo, mas o da pessoa e do Espírito. Faz-se
necessário que o acompanhante se autoavalie, deve estar atento ao que pensa,
sente e às suas reações físicas e não direcionar o outro a partir do seu
próprio processo. Precisa buscar meios de autoconhecimento, aperfeiçoar-se no
discernimento, saber guardar segredo e não esquecer que a vida do outro é
sagrada. E que somos testemunhas da ação de Deus.
E conclui: Lembremos que as pessoas são
diferentes e cada um tem uma história. Não tem receita pronta para o escutador,
aprende-se a escutar, escutando. A história dos
“Discípulos de Emaus (Lc 24, 13-35)”, que foi apresentado nos ensina algumas
características do escutador orante - Jesus: Ele se aproxima, caminha junto,
questiona, deixa falar, é paciente, se solidariza com a situação dos escutados,
foi firme quando necessário, chamou a atenção para as Escrituras, se revelou na
partilha do pão, depois, tornou-se invisível, e os discípulos decidem voltar
para partilhar com os outros a sua experiência. Ser
escutador não é privilégio, é graça, o próprio Espírito nos conduz”.
A alegria dos participantes, no momento pós-Oficina, só
anima a continuar o exercício da Escuta e renovar o convite para
que outras pessoas procurem ESCUTAR-SE, ESCUTAR o outro e ESCUTAR DEUS, que
se faz presente em tudo e em todos. (Cesarina Marques)
Nenhum comentário:
Postar um comentário