sexta-feira, 12 de abril de 2013

Oficina de Escuta Orante


Ao mesmo tempo em que os meios de comunicação se tornam mais velozes e eficientes na busca de transmitir e receber informações, o ser humano é convidado a mudar o modo de Ser, pensar, escutar. Escutar não só com os ouvidos, mas com o corpo e o coração: SER TODO ‘OUVIDOS’. Com este objetivo, 36 pessoas participaram da Oficina de Escuta Orante realizada nos dias 06 e 07 de abril, no CIES-Salvador, sob a Ação do Espírito Santo e conduzida por Marize Pitta, que usou vários modos de orar, refletir, partilhar e escutar; assim, a Oficina ofereceu a oportunidade de experienciar, saborear interiormente, perceber a importância de ESCUTAR e a responsabilidade com tudo o que se ouve: confidencialidade.

Eis o relato de Andréa Bulcão, uma das participantes: “Uma Experiência Essencial. Tinha este desejo de aprofundar a Escuta, já que, por força da profissão e pela ação da Providência, muitas pessoas acabam por partilhar suas vidas comigo, pedir auxilio, oração... Foi assim que me propus a compreender este talento que o Senhor parece confiar-me e foi, realmente, um momento especial. Pude relembrar a necessidade de escutar, primeiramente, o Senhor, que está vivo, colocar-me em sintonia com Ele. Também retomar a necessidade de escutar a mim mesma para, assim, melhor atender àquele que entra em contato comigo. Gostei de tudo: A condução da oficina foi muito feliz, as dinâmicas bem colocadas, os momentos de oração e partilha, os irmãos que a Providência enviou para caminhar junto, o ambiente de oração, especialíssimo, proporcionado pela localização do CIES...
Recomendo para toda pessoa que deseja colocar-se na caminhada da Escuta Orante e ouso dizer que todos nós precisamos nos pôr a caminho para experimentar, como os discípulos de Emaús, o Senhor que nos fala e se nos revela”.

Ir. Sirlei, da Congregação Ancilas do Menino Jesus, também partilha sua experiência: “A palavra oficina já nos remete ao aprendizado através da prática. O escutar tem uma profundidade que exige de todo o nosso ser uma atenção ao que é ouvido, envolve os sentimentos, a percepção... Quem escuta ouve, mas nem todos que ouvem escutam. Escutar de forma orante tem o objetivo de encontrar Deus, que perpassa a história humana, especialmente no caminho da pessoa que é ouvida. Diante daquilo que nos foi apresentado e a partir das experiências partilhadas, percebo e confirmo que a missão do escutador não é fácil. Temos a tendência de querer dar respostas para o que nos é partilhado, porem é preciso cultivar a humildade, nem sempre se acerta, ou compreende, nem sempre temos respostas. Podemos rezar juntos, pedindo luzes, quando não se sabe como ajudar. E não nos esqueçamos, que quem acompanha é o Espirito de Deus, somos apenas mediadores, mas quem faz o caminho é o acompanhado e o Espírito. Podemos oferecer pistas, mas a pessoa é livre para tomar as decisões. O escutador, muitas vezes, precisa ser firme quando necessário, e ter a coragem de encaminhar o acompanhado para um profissional, caso perceba a necessidade. Quem assume essa missão, não necessariamente precisa ser psicólogo, porém deve tem um pouco de conhecimento da área humana, e aprofundar a espiritualidade, também ter experiência pessoal da escuta de Deus na sua própria vida. 
Prossegue a Ir Sirlei: quando me coloco para ouvir alguém, devo ter consciência da presença divina, que perpassa a vida de quem escuta e de quem é escutado. Ao escutar, muitas vezes, queremos também ser ouvidos, o desafio é deixar o centro, para que o outro seja o centro, pois é isso o que acontece na escuta. O silêncio é indispensável para quem oferece seus ouvidos para o outro, e esse é um grande desafio, porque o silêncio não é só a ausência de sons externos, mas, também, a ausência de ruídos internos. Ficar calado não é sinônimo de escuta. Escutar exige tempo, disposição para deixar o outro ser ele, se expressar. A atenção deve ser dada, também, à fala, pois essa vai além da verbal, o corpo, os gestos, suspiros...  também falam, é preciso ler nas entrelinhas. A paciência é fundamental, o tempo não é o meu, nem o que estipulo, mas o da pessoa e do Espírito. Faz-se necessário que o acompanhante se autoavalie, deve estar atento ao que pensa, sente e às suas reações físicas e não direcionar o outro a partir do seu próprio processo. Precisa buscar meios de autoconhecimento, aperfeiçoar-se no discernimento, saber guardar segredo e não esquecer que a vida do outro é sagrada. E que somos testemunhas da ação de Deus.
E conclui: Lembremos que as pessoas são diferentes e cada um tem uma história. Não tem receita pronta para o escutador, aprende-se a escutar, escutando. A história dos “Discípulos de Emaus (Lc 24, 13-35)”, que foi apresentado nos ensina algumas características do escutador orante - Jesus: Ele se aproxima, caminha junto, questiona, deixa falar, é paciente, se solidariza com a situação dos escutados, foi firme quando necessário, chamou a atenção para as Escrituras, se revelou na partilha do pão, depois, tornou-se invisível, e os discípulos decidem voltar para partilhar com os outros a sua experiência. Ser escutador não é privilégio, é graça, o próprio Espírito nos conduz”.
A  alegria dos participantes, no momento pós-Oficina, só anima a continuar o exercício da Escuta e  renovar o convite para que outras pessoas procurem ESCUTAR-SE, ESCUTAR o outro e ESCUTAR DEUS, que se faz presente em tudo e em todos. (Cesarina Marques)





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