A arca e o Arco simbolizam, juntos, um círculo perfeito, completo e em complementaridade. A proa e popa da arca, côncavo, tocando as extremidades do arco, convexo. O ser humano se encarrega de construir, na Terra – e na terra – a sua Arca, a sua Vida, o seu Projeto (e que nela caibam tudo e todos); Deus se encarrega de “pôr seu Arco nas nuvens” para completar e dar sentido ao que fazemos nesse plano humano.
Contudo, a Arca, que foi construída pelo ser humano, mas que é pedida e deseja por Deus, foi feita em terra firme, mas não para ficar em terra firme. Foi feita para resistir, suportar até mesmo dilúvios, com todas as suas inconstâncias e perigos, suas rebentações e suas vagas. E, ao fim da jornada, a arca volta a repousar em terra firme. Encerrando o ciclo de nossas vidas, o mesmo acontece com nossos corpos.
O arco – símbolo concreto da Aliança – já existia, pois a Aliança já existia. O que Deus faz é colocá-lo no céu como que para nos indicar o verdadeiro local para o qual fomos feitos: construindo na terra, para brilhar no céu.
Não é sempre que o Arco se torna visível. Ele costuma ser visto em tempos nublados, tempos de nuvens, tempos de dúvidas, já que foi colocado entre as nuvens. Mesmo entre nuvens, Deus se revela, mesmo na dúvida, Deus se faz presente, põe o Seu Arco.
O arco, no sentido de “abóboda”, é feito para proteger e, no sentido de “instrumento de caça”, é feito para defender e atacar. O arco - a Aliança - de Deus não é diferente: protege-nos e ajuda-nos a combater o Mau Espírito.
A Arca, que no sentido de “baú” é feita para guardar coisas, não fica longe do sentido de embarcação que, com Noé, não só guarda coisas, mas pessoas e animais (a natureza). Assim, em certo sentido, a Arca de Noé é também a Arca da Aliança!
Ir. Marcos Epifanio, SJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário