A Difícil Arte da Escuta

O escritor Rubem Alves, no texto “Escutatória”, fala dessa difícil arte de ouvir. Sobre o assunto, ele disse ter pensado em oferecer um “Curso de Escutatória”, mas, pensou: ”acho que ninguém vai se matricular”.

A Oficina de Escuta Orante, realizada no Centro Cultural de Brasília, nos dias 3 e 4 de março, por Marize Pitta, mostrou que o escritor estava errado, pois 21 pessoas participaram desse evento que “nos abriu os ouvidos” para a importância da arte da escuta, principalmente de escutar “Deus em mim e escutar Deus no outro”.

Por meio de várias dinâmicas, Marize Pitta nos foi revelando a importância do saber ouvir, nos levando a entender que “(...) o primeiro mandamento não é amar, é escutar, escutar o outro com as orelhas, com o corpo, com a coluna vertebral e também com o coração e com a inteligência” (Jean-Yves leloup, em um dos textos estudados durante a Oficina).

Muitas foram as percepções apreendidas, entre elas as várias formas do escutar. Perceber o que é dito nos silêncios e na expressão corporal. Escutar, percebemos, é muito mais do que ouvir a palavra dita e sim, esvaziar-se de si mesmo para acolher aquele que vai ao nosso encontro em busca de compreensão, apoio, e disponibilidade.

Marize, com sua didática simples e funcional, nos fez perceber que é essencial ver, naquele que escutamos, a partir dos olhos do Deus de Jesus, “um Deus que privilegia o débil, o frágil, o quebrado... (...)” (texto de Carlos R. Caburrús SJ, também estudado no evento).

Ao final, apesar de Marize afirmar que “Não vim ensinar, mas despertar”, podemos dizer que “escutamos” muitas palavras que nos enriqueceram nessa arte para a qual nunca nos sentiremos devidamente preparados. Mas, a fé no poder do Espírito Santo em nos soprar moções para esse trabalho é que nos move a fazê-lo com os olhos voltados para Deus e com a consciência de que o importante é ser tocado por Deus para isso e acatar esse chamado como uma missão.

O que importa é “estar aberto para o mistério de Deus no silêncio, na palavra e nas pessoas” (Anselm Grün, em outro texto estudado).

Talvez esta tenha sido a grande lição desses dias tão ricos em ensinamentos.

(Lylia Diógenes, da Equipe do CCB-Brasília)