terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Visitando Dona Madalena...

D. Madalena é a Coordenadora da Comunidade de Nhambira. É de origem zambeziana, etnia Macua. Teve doze filhos e filhas. Quase todos morreram ainda crianças. Quatro sobreviveram: Domingos, Mário, Acácio e Benito. Foi eleita, pelo Conselho da Zona Rural (de nossa paróquia) coordenadora do referido Conselho (só ela de mulher...). Agora foi reeleita Coordenadora de sua Comunidade cujos membros são quase todos de etnia Shwabo. Uma mulher ser eleita para tais cargos e ainda por cima ser de uma outra etnia é preciso mesmo uma graça especial para que tal aconteça...
Seu esposo, Sr. Silvestre, foi eleito presidente da Associação Agro-Pecuária local. Domingos “arranjou” um netinho – Faissal, para D. Madalena e, depois de ficar um tempo com a mãe, está agora com a avó (pelo que parece, devido ao desmazelo da genitora...). Como podem ver na foto, anda com as pontas dos pezinhos levantadas por causa da invasão de mataquenhas (bicho-de-pé). E, se repararem na altura do umbigo poderão perceber uma intrigante proeminência... uma imensa hérnia umbilical... Seu tio Benito, ao lado de Faissal, um jovem de ouro, mas super-envergonhado (parece-me que é devido à ausência de dentes bem na parte da frente)... Pois é, aquele dia aproveitando de uma ida inesperada a Nhambira, fui visitar D. Madalena que vive há um pouco mais de 1 km da capela/escola onde ela, paga por doações de benfeitores, leciona para as crianças da comunidade. A escola oficial fica a 8 km dali... Como toda aquela zona é um grande pântano que fica alagado cerca de 4 a 5 meses no ano, para ir a casa dela é preciso andar mais de 800 metros dentro d’água... Naquele cenário de pobreza absoluta conversamos bastante sobre mataquenhas (agora sei onde andei também eu a pegar mataquenhas...) e um monte de coisas... Foi bonito sonharmos juntos os passos para melhoria de vida naquela zona: implantação de salas de aulas naquela área, criação da associação dos agricultores e agricultoras, elevação do nível da estrada para ficar transitável também no período de alagamento, implantação da “Pastoral da Saúde”... É isso que queria partilhar com você. Uma verdadeira experiência de “Encarnação do Verbo”. Ali estava Maria, mulher forte, disponível, amada pelo seu povo, acolhendo o pequeno Faissal, vítima das mataquenhas e do pecado social... E se eu estava ali sonhando com um coração cheio de esperança era justamente porque o Verbo habitou entre nós e continua a nos seduzir e nos envolver quando contemplamos os presépios vivos por aí... Que as celebrações deste Natal o/a aproximem sempre mais do empobrecido. Com carinho,
Emílio sj




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