sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Posse no CIES




O Centro Inaciano de Espiritualidade Nossa Senhora da Estrada estava radiante na manhã do dia 28 de outubro, quando a Equipe se reuniu a representantes da CVX, do CAV e outros amigos para a Celebração Eucarística que marcava a saída de Pe. Sérgio José,SJ, destinado ao México para cumprir a 3ª Provação e a chegada do Pe. James Roberto,SJ, que assumiu a Direção do CIES.

A alegria, a descontração e o clima fraterno harmonizavam com a simplicidade das falas ao expressar gratidão a Pe. Sérgio e o acolhimento esperançoso a Pe. James, que respondeu às nossas duas perguntas:
1) O que o move para esta missão?
— “Move-me o desejo sincero e o querer da Escuta da palavra de Deus em busca da verdade e da sua Santíssima Vontade, a fim de colaborar com o melhor que tenho para somar, profundamente, com o CIES”.
2) O que espera?
— “Espero que todos que nos procurem encontrem um coração cheio do Amor de Deus, e que também façam esta belíssima experiência à maneira de Maria Santíssima, no Magnificat, para também sentir-se nas mãos do Senhor, como Inácio na sua oferta generosa: Tomai e Recebei...”
E, direto de Guadalajara, México, a fala de Pe. Sérgio:
1) O que me movia para a missão no CIES: "acreditar na importância da espiritualidade inaciana para as pessoas";
2) O que espero: "é que possamos cada vez mais oferecer este instrumento para todos as pessoas, e que o CIES seja mais e mais eficiente nesta missão, dentro e fora de seus muros ..."

Assim, permaneçamos unidos em oração, buscando “em tudo amar e servir”!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sobre a Oração de Contemplação



Manhã de Espiritualidade 24/10/2010


Numa bela e ensolarada manhã de domingo, estiveram reunidas com o Pe. Pedro Maione cerca de 50 pessoas, inclusive jovens, que escolheram deixar o lazer e outros afazeres, para participar deste encontro de espiritualidade no CIES, quando o jesuíta falou sobre a Oração de Contemplação, alertando-nos que contemplar não é olhar e que, para contemplar, não podemos ter pressa, é preciso parar, sentir... Numa referência a Santa Tereza D’Ávila e ao encontro de Jesus com Marta e Maria, refletiu que a vida moderna não permite isso, porque estamos sempre preocupados e agitados, estas são as características do ativista.
Para fazer uma oração, é preciso prepará-la e recomendou que se escolha um autor sagrado por vez e, ao orar, lembrar de fazer sempre a repetição onde sentir o toque de Deus, quer seja pela consolação ou pela resistência. Alertou que alguns textos bíblicos são mais difíceis para a contemplação, a exemplo de Mt 1, 1-17, onde a relação dos nomes não ajuda, já que retrata homens e mulheres que são um desastre moral, mas poderemos, a partir daí, contemplar que Jesus é um de nós, ele não escolheu a elite, ele se aniquilou até nos seus antepassados. Assim, ficar diante de Jesus, pedir perdão e amor. Ficar diante Dele apenas querendo amar, pois o Senhor se fez nada... Por que, então, eu sou tão soberbo, orgulhoso? Na verdade, eu sou uma gotinha de água que, no Ofertório, se perde no sangue Dele.
Na oração contemplativa, só preciso amar e me deixar amar = “tuificados”, como a mãe que fica perto do recém-nascido quando está dormindo. A meditação deve levar à contemplação. Para exemplificar, tomou Lc 1, 1-38, ressaltando o “Faça-se” de Maria: este “Faça-se” faz cair o véu e, assim, me entrego a Ele. Também recordou a oração “Alma de Cristo”, cujo terceiro pedido deveria ser traduzido como Alma de Cristo embriague-me. Embriague-me de amor. Em Lc 2, 6-7, destacou que é o Filho de Deus que nasce numa manjedoura e não num palácio... Fico lá e me perco, sem palavras, me tornando pequeno, despindo-me do orgulho, da prosopopeia... Santo Inácio fala para tornar-nos um escravinho indigno para servir, estar às ordens.
Prosseguindo, convidou-nos a exercitar a oração contemplativa, fazendo um tempo de oração pessoal, com o texto da Anunciação (detendo-nos no “Faça-se”) ou do Nascimento de Jesus (diante do Menino).
Na ressonância da oração, lembrou que a partilha é um gesto de fraternidade, para não guardar para si. Em seguida, destacou a figura de São José, padroeiro da vida interior, Doutor do silêncio, o homem que desaparece. A Escritura não fala em José, só Maria o coloca em primeiro lugar, quando diz a Jesus no Templo: “Não sabíeis que teu pai e eu estávamos preocupados?”. Podemos pedir a São José a graça de ser contemplativos e pensar José com Maria, contemplando o Menino, na Gruta... Quanto silêncio e quanto amor!
O nosso desafio é transformar a reza em oração, quando tudo desaparece. Contemplar Nazaré → a casinha de Nossa Senhora → o diálogo → a resposta de Maria... Deus está presente aqui. Deus não está no céu, Ele está aqui e onde Ele está é o Paraíso, por isso a necessidade da reverência e do ato de adoração!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

PROPOSTA DE ORAÇÃO

Como cristãos, temos um objetivo comum que é fazer a experiência de uma oração que leve a uma maior intimidade com Deus, Nosso Senhor, através do seguimento a Jesus Cristo e deixando-nos guiar pelo Espírito.
Para isso, temos muito que aprender com Jesus, sentindo, saboreando o seu jeito de orar e percebendo como está a nossa oração pessoal. O que podemos fazer para nos configurar com este Filho que só tem um objetivo: fazer a vontade do Pai? Talvez lembrar que Jesus não fazia oração, Ele entrava em oração.


1º dia
Jo 1,35-39
Coloque-se ao lado dos discípulos, seguindo Jesus. Veja Jesus voltando-se para você e perguntando: O que você procura? Reflita por alguns minutos e responda a Jesus.
Imagine Jesus convidando: Vinde e vede! Procure saborear este encontro amigo com Jesus.

2º dia
1 Rs 19,11-13
Busque sentir o ambiente e, pouco a pouco, faça-o silenciar no seu coração. Deixe Deus silenciar, também, os seus ruídos interiores. Sinta a presença de Deus no silêncio e na suavidade da brisa. Escute-O dizer o seu nome e perguntar: Por que estás aqui?

3º dia
Lc 11,1-4
Imagine-se como um discípulo pedindo a Jesus: Senhor, ensina-me a rezar...! O que Ele lhe fala? Como lhe ensina? Como você se sente?

4º dia
Lc 6,12-16
Jesus se afasta para encontrar-se com o Pai em oração. Esta é uma atitude que se repete em outros momentos da sua vida. Ele rezou 40 dias no deserto... O que Jesus lhe ensina com essa atitude? E como têm sido os seus encontros com o Pai?

5º dia
Lc 22,39-46
Saia para rezar com Jesus no Monte das Oliveiras. O que acontece? O que você sente? O que Jesus lhe diz?

6º dia
Escolha um dos dias anteriores para fazer a Repetição da Oração. Trata-se de rezar a partir dos pontos onde se sentiu tocado.

A palavra do Senhor é reta,
em todas as suas obras resplandece a fidelidade:
ele ama a justiça e o direito,
da bondade do Senhor está cheia a terra.
(Sl 32, 4-5)

Vila Kostka – Itaici – Out/2010

Queridos(as) dos EE-A Arte do Cuidado, muita PAZ!
E aí, gente boa da Bahia, como vamos? Tudo bem?

Nesses dias a sensação que tive foi a de estar em um outro Brasil, foram dias muito interessantes em Salvador-BA. Inicialmente um tempo de Exercícios Espirituais em Mar Grande... foi muito legal a experiência de atravessar de lancha a Baía de Todos os Santos. Os EE foram com a temática: A Arte do Cuidado... que sempre tem uma ressonância muito legal no grupo, que era formado por leigos e religiosas, de várias idades, um grupo muito atencioso, acolhedor e bem aberto à proposta. Tivemos momentos belíssimos de celebração ao ar livre, com uma vista para o mar encantadora.
Sempre me toca muito a diversidade do grupo, com pessoas tão diferentes e que trazem tanta história, tanta vida... e também tantos sofrimentos. Como é bom ouvir, acolher as pessoas, poder dizer uma palavra de ânimo e coragem. Depois fiquei dois dias em Salvador, na comunidade dos companheiros jesuítas de Santo Antônio da Barra, onde fui muito bem acolhido, um lugar muito especial, com uma vista maravilhosa. Todos os dias de manhã fui caminhar pela praia, passando pelo Farol da Barra até Ondina.
Os passeios pelo Centro Histórico, pelas Igrejas do Pelourinho, foram momentos muito especiais, com cheiros, cores e formas encantadoras, com uma população de 80% de negros, realmente fiquei deslumbrado por tantas feições culturais num lugar tão lindo... mas também uma cidade de muitos contrastes! Agora descanso um pouco e vou preparando EE em Londrina-PR, e depois vou também a Cascavel, em nosso noviciado, agora junto da Província do Sul... desejo muito conhecer as cataratas de Foz do Iguaçu.
Vou terminando de colocar as fotos na página (http://www.renatosj.multiply.com/ ) quando tiverem um tempinho deem uma olhada por lá.
Continuem com Deus! Grande abraço, Pe. Renato,SJ

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

EXPERIENCIANDO A MISERICÓRDIA

O Pe. Manuel Iglesias registra, em seu livro “Um Retiro com o Peregrino”, seis experiências-luz que poderiam ser vias de acesso à fé e nortear a evangelização hoje: a Natureza, que tanto ensina a quem consegue sair de si. O Deserto, que nos ajuda a ser nós mesmos em momentos privilegiados de solidão fecunda. A Vida Comunitária, que propicia a simplicidade, a solidariedade, a hospitalidade e a partilha. A Amizade, que sempre será o clima básico da convivência social. O Trabalho criativo. E, finalmente, a Música, que nos faz vibrar com “o outro” e “o por dentro”.

Pedir a graça de, como pecador/a experimentar as torrentes de carinho do Pai e degustar o perdão. Assim, poderei acolher e perdoar o irmão como eu mesmo/a fui perdoado/a.


1º Dia: O próprio perdão. Posso perdoar-me trabalhando meus condicionamentos psicológicos para aceitar-me, ou, pelo menos, para prevenir-me dos mecanismos que me bloqueiam e influenciam. Sl 43,2-5

2ª Dia: O perdão aos que me ofenderam. Deter-me nos que mais me custa perdoar. Expor as resistências. Mt 5,24 ; 1 Jo4,19

3º Dia: Sentir que Deus toma a iniciativa. Não sou eu que consigo o perdão. Deus nos amou quando ainda éramos pecadores e nos amará sempre. Rm 5,8 Is 62,1-9

4º Dia: Confiar. Apresentar as graças e consolações recebidas ao longo da semana e da sua própria vida. Lc 15,19 ; Lc 7,38

5º Dia: O perdão implica uma tarefa. O agradecimento deve se exprimir em atos mais do que em palavras e sentimentos. Ao concluir a oração, num colóquio com o Crucificado, perguntar-se O que fiz? O que faço? O que farei por Cristo? Is 61,1-3

6º Dia: O que mudou? Em que mudei? Como é Deus agora para mim? Como se expressa meu testemunho? Lc. 1,46-55

Você poderá sentir o desejo de repetir a oração da semana. Se isso ocorrer, siga a voz do seu coração.

Textos para a semana seguinte: revivendo “experiências-luz”
Dt 1, 29-32 ; Mt 6,24-34; Is 41, 8-20; Rm 8, 26-39; At 17, 22-2

CURSO DE INTRODUÇÃO À ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA


Nos dias 24, 25 e 26 de setembro, aconteceu o 2º o segundo módulo do Curso de Antropologia Teológica, com o Pe. Geraldo De Mori,sj que nos apresentou as reflexões construídas para responder à indagação: o que é o ser humano para a Teologia?, fundamentando-se nos textos do Gênesis, nos escritos proféticos, nos sapienciais, nos sinóticos, em São João e São Paulo.
Como eixo para a sua argumentação, focalizou a tese de que o ser humano é a imagem da imagem de Deus, chamado a estabelecer relação e ser como Ele através de Cristo. Enfatizou, também, que o ser humano foi criado na liberdade, por isso pode escolher aderir ou não à vocação de ser filho/a de Deus através de Cristo; é finito, por isso está sujeito às intempéries da vida; enquanto pecador é justificado pela fé, pela misericórdia de Deus e foi criado na unidade corpo e alma.
Destacou, também, que a Criação é o lugar da Antropologia Cristã, pois o ser humano, para existir, precisou de um lugar e Deus criou este lugar. Deus cria do nada, por generosidade, por graça. E esta Criação é pensada em termos trinitários: obra do Pai, o Criador, Fonte de tudo, o Doador e a Doação; Jesus é o mediador da Criação: por Ele, nEle e para Ele; e o Espírito Santo é o Senhor da Vida, Aquele que dá vida. A nossa fé é cristológica e trinitária: o centro é Cristo, com todo o mistério pascal, e Cristo nos diz que Deus é Pai e toda a sua vida foi movida pelo Espírito Santo.
Tudo que existe é bom, vem de Deus e existe para que se torne eucaristia/comunhão, ou seja, tudo é dom e na celebração eucarística, pelo Espírito Santo, elevamos tudo ao Pai. Tudo vem doPai, pelo Filho, através do Espírito Santo, porque Ele é que move os corações para que possamos repetir gestos crísticos. Cristo, na cruz, é plenamente humano, porque faz a experiência de ser totalmente vulnerável, experimenta a morte como terror e abandono e transforma numa experiência de fé mais pura, porque se abandona emDeus Pai e Mãe, é a "filialidade".
Eu saí de Deus e sou chamado a voltar para Deus. Isto é o que Santo Inácio fala "encontrar Deus em todas as coisas", não mística panteísta, mas panenteísta. Deus habita a Criação , mas não é a Criação. Deus está em todas as coisas, Ele não é as coisas. Isto torna possível a relação Criador - criatura e a relação entre nós, seres humanos. Deus é o Outro do mundo (Pai), o Outro para o mundo (Filho) e o Outro no mundo (Espírito Santo).
O Pe. Geraldo também apresentou as "Releituras da História Sobre Algumas Afirmações Bíblicas Acerca do Ser Humano", focalizando três momentos: Patrística: séc. II ao VIII, quando os teológos debatem com a gnose e a Teologia vai apresentar a unidade do ser humano e não a dicotomia corpo/alma; a Idade Média : Escolástica, quando o processo de reurbanização faz emergir uma vida religiosa que surge nas cidades e para as cidades, em redor das universidades; e o Período Moderno e Contemporâneo (a partir do séc XVI) quando surge a controvérsia sobre a Graça, mas a Teologia teve que se debater com a Reforma Protestante, por isso não se dedicou ao dualismo cartesiano. A partir do séc. XIX, com o domínio das novas ciências, verificam-se três correntes: a das neurociências, a dos filósofos e teólogos alemães e uma terceira corrente mais filosófica, que traz a tendência fenomenológica.
Quanto ao tema da liberdade, de que o ser humano foi criado livremente por Deus e é criado para ser livre, ressaltou que a decisão que o fez emergir é condição para que ele possa ser livre, por isso a Doutrina da Criação supõe o tema da liberdade como dom (ninguém escolheu existir) e como tarefa (é uma promessa, esperança nova e poderá realizar-se ou não). A liberdade, por ser recebida, é primeiro passividade e, depois, ação vivida no corpo. E conclui, afirmando que o ser humano é liberdade constitutiva: totalmente dom - aparece na geração, em nossas passividades, mas não é fonte de determinação, porque é também tarefa. A liberdade do ser humano é pensada na liberdade de Deus. Somos colocados no ser por um ato de generosidade de Deus e cada um vai se deixar determinar por uma figura filial que me mostra Deus: JESUS!