quarta-feira, 6 de outubro de 2010

CURSO DE INTRODUÇÃO À ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA


Nos dias 24, 25 e 26 de setembro, aconteceu o 2º o segundo módulo do Curso de Antropologia Teológica, com o Pe. Geraldo De Mori,sj que nos apresentou as reflexões construídas para responder à indagação: o que é o ser humano para a Teologia?, fundamentando-se nos textos do Gênesis, nos escritos proféticos, nos sapienciais, nos sinóticos, em São João e São Paulo.
Como eixo para a sua argumentação, focalizou a tese de que o ser humano é a imagem da imagem de Deus, chamado a estabelecer relação e ser como Ele através de Cristo. Enfatizou, também, que o ser humano foi criado na liberdade, por isso pode escolher aderir ou não à vocação de ser filho/a de Deus através de Cristo; é finito, por isso está sujeito às intempéries da vida; enquanto pecador é justificado pela fé, pela misericórdia de Deus e foi criado na unidade corpo e alma.
Destacou, também, que a Criação é o lugar da Antropologia Cristã, pois o ser humano, para existir, precisou de um lugar e Deus criou este lugar. Deus cria do nada, por generosidade, por graça. E esta Criação é pensada em termos trinitários: obra do Pai, o Criador, Fonte de tudo, o Doador e a Doação; Jesus é o mediador da Criação: por Ele, nEle e para Ele; e o Espírito Santo é o Senhor da Vida, Aquele que dá vida. A nossa fé é cristológica e trinitária: o centro é Cristo, com todo o mistério pascal, e Cristo nos diz que Deus é Pai e toda a sua vida foi movida pelo Espírito Santo.
Tudo que existe é bom, vem de Deus e existe para que se torne eucaristia/comunhão, ou seja, tudo é dom e na celebração eucarística, pelo Espírito Santo, elevamos tudo ao Pai. Tudo vem doPai, pelo Filho, através do Espírito Santo, porque Ele é que move os corações para que possamos repetir gestos crísticos. Cristo, na cruz, é plenamente humano, porque faz a experiência de ser totalmente vulnerável, experimenta a morte como terror e abandono e transforma numa experiência de fé mais pura, porque se abandona emDeus Pai e Mãe, é a "filialidade".
Eu saí de Deus e sou chamado a voltar para Deus. Isto é o que Santo Inácio fala "encontrar Deus em todas as coisas", não mística panteísta, mas panenteísta. Deus habita a Criação , mas não é a Criação. Deus está em todas as coisas, Ele não é as coisas. Isto torna possível a relação Criador - criatura e a relação entre nós, seres humanos. Deus é o Outro do mundo (Pai), o Outro para o mundo (Filho) e o Outro no mundo (Espírito Santo).
O Pe. Geraldo também apresentou as "Releituras da História Sobre Algumas Afirmações Bíblicas Acerca do Ser Humano", focalizando três momentos: Patrística: séc. II ao VIII, quando os teológos debatem com a gnose e a Teologia vai apresentar a unidade do ser humano e não a dicotomia corpo/alma; a Idade Média : Escolástica, quando o processo de reurbanização faz emergir uma vida religiosa que surge nas cidades e para as cidades, em redor das universidades; e o Período Moderno e Contemporâneo (a partir do séc XVI) quando surge a controvérsia sobre a Graça, mas a Teologia teve que se debater com a Reforma Protestante, por isso não se dedicou ao dualismo cartesiano. A partir do séc. XIX, com o domínio das novas ciências, verificam-se três correntes: a das neurociências, a dos filósofos e teólogos alemães e uma terceira corrente mais filosófica, que traz a tendência fenomenológica.
Quanto ao tema da liberdade, de que o ser humano foi criado livremente por Deus e é criado para ser livre, ressaltou que a decisão que o fez emergir é condição para que ele possa ser livre, por isso a Doutrina da Criação supõe o tema da liberdade como dom (ninguém escolheu existir) e como tarefa (é uma promessa, esperança nova e poderá realizar-se ou não). A liberdade, por ser recebida, é primeiro passividade e, depois, ação vivida no corpo. E conclui, afirmando que o ser humano é liberdade constitutiva: totalmente dom - aparece na geração, em nossas passividades, mas não é fonte de determinação, porque é também tarefa. A liberdade do ser humano é pensada na liberdade de Deus. Somos colocados no ser por um ato de generosidade de Deus e cada um vai se deixar determinar por uma figura filial que me mostra Deus: JESUS!

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