quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sobre "Homens e Deuses"

     Durante a Semana Inaciana, o Cine Fórum do Centro Cultural Brasília apresentará o filme Des hommes et des dieux (Homens e Deuses), de Xavier Beauvois, ganhador do Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes, em 2010.
     Homens e Deuses é uma obra de arte. E como tal, não ouso explicar ou criticar; busco apreciar em puro deleite. Diria, de modo inaciano, olhar além dos sentidos e da razão, buscando na contemplação os horizontes divinos.
    O filme inspira-se em fatos reais, mas não é um documentário. Narra conflitos étnicos e religiosos; mas não é anti-isto ou anti-aquilo. Mais que tudo, é um hino ao amor encarnado que se atualiza no sim cotidiano; no fiat anônimo de nossas decisões. Manifesto ao amor paciente e respeitoso que tudo suporta e tudo espera. É um belo elogio à tolerância e à esperança.
   Des hommes et des dieux apresenta a história de monges cistercienses da estrita observância (trapistas) inseridos em uma comunidade islâmica em Tibhirine, nas montanhas do Atlas, na Argélia. A comunidade monástica testemunha no silêncio, na oração e no serviço as suas opções fundamentais. A hospitalidade, a harmonia, o respeito e a partilha de seus dons com a comunidade local são lastros deste testemunho sem proselitismo.
   O filme centra-se no período de 1993 a 1996, em plena Guerra Civil Argelina. Depois do massacre de um grupo de trabalhadores croatas, em 1993, impõe-se aos monges a proteção do exército ou a saída da Argélia. O dilema da comunidade monástica oscila entre sair ou ficar; fugir ou testemunhar; suicídio coletivo ou testemunho cruento. Os fatos, as vidas, as motivações são apreciadas, discutidas e discernidas em comunidade. O discernimento da Comunidade enraíza-se na opção fundamental que os monges vivenciam:
Nada antepor ao amor de Cristo. (RB,4, 21)

(Texto de Osmar Arouck, membro da Pré-CVX Dom Luciano em Brasília – DF)

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