Tríduo Preparatório à Festa de Santo Inácio

O Santuário Nossa Senhora de Fátima, no Garcia, foi o local escolhido para celebrarmos o Tríduo e a  Festa de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, cujos Exercícios Espirituais são hoje considerados um patrimônio da Igreja Católica.

No dia 28 de julho, coube ao Pe. Geraldo Coelho, SJ, reitor do Santuário, presidir a missa de abertura do Tríduo Preparatório, abordando o tema “Indiferença Inaciana e Verdade Interior”. Na sua homilia, destacou o tema que perpassava as leituras na liturgia deste Domingo: a oração e o perdão dos pecados, ressaltando que temos uma oração de pechincha, de negociação, e, no Evangelho, temos o suplicante que insiste.

Registrou Pe. Geraldo que “tivemos, hoje, a grata alegria de acompanhar pela TV o encerramento da JMJ, quando o Papa Francisco, na homilia, destacou, de forma didática e criativa, as seguintes palavras: ‘IDE, SEM MEDO, PARA SERVIR’”. E afirmou: “podemos inserir aqui as palavras do Papa, porque todo cristão assume, pelo Batismo, a missão de concretizá-las de acordo com a própria vocação e sem medo. Acresentou: “no ‘sem medo’ inserimos a temática do Tríduo hoje, porque a ‘indiferença inaciana’ não significa insensibilidade, ao contrário, é uma atitude ativa, produtiva e eficaz como está na oração de hoje: O’ Deus (...) redobrai de amor para conosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que passam, que possamos abraçar os que não passam’”.

E prosseguiu: “nos Exercícios Espirituais, Santo Inácio, já no Princípio e Fundamento, mostra que o homem é criado para conhecer, reverenciar e servir a Deus , usando todos os meios adequados e numa atitude desapegada, para sondar as moções interiores e ver o que mais ajuda e o que atrapalha, por isso a indiferença é um ingrediente do discernimento, etapa necessária na oração. Assim, para melhor entender as palavras do Papa, podemos ver que todo este processo requer discernimento e atitude de indiferença, que significa pôr-se a caminho, tornar-se possuidor de uma maior liberdade interior”.

No segundo dia do Tríduo, a Celebração Eucarística foi presidida por Pe. Eliomar Ribeiro, SJ, e concelebrada pelos jesuítas Pe. Miguel Martins e Pe. Geraldo Coelho. Na homilia, Pe. Eliomar salientou que os textos da liturgia (Festa de Santa Marta) convergiam para o tema proposto nesta noite: Buscar e encontrar Deus em todas as coisas” e ressaltou que São Paulo, traduzindo a linguagem do amor, diz que amamos porque fomos amados. O amor não é só um sentimento, mas um compromisso: é estar atento ao que o outro quer de mim”.

Lembrou, também, que “Cristo nos amou ao extremo, dando-nos o exemplo, com o amor que se traduz em gestos e ações concretos”. E ressaltou:  “no Salmo, cantamos a bênção do Senhor pela sua ação na vida. Para Santo Inácio, encontrar Deus em todas as coisas não é uma busca panteísta, mas sim, o cuidado com a natureza e, sobretudo, o cuidado com as pessoas, que são nossos semelhantes, pois, se é para matar a humanidade, não precisamos cuidar da natureza, quem vai usá-la?”.

Pe. Eliomar advertiu-nos que devemos estar atentos ao que Deus vai nos pedindo; destacou que, no Evangelho, a oposição entre Marta e Maria, na verdade, não existe, pois não há oposição em estar com Jesus e servir ao Reino. “Quanto mais amo, mais quero me aproximar do serviço que Ele me pede. Servir é estar com Jesus, mesmo preparando o cafezinho. A contemplação pede a ação, por isso, devemos buscar e encontrar Deus em todas as coisas, em casa, no trabalho, no trânsito, neste mundo desorganizado. Que o Senhor nos conceda esta graça!”

A última noite do Tríduo registrou uma alegria especial, pois celebramos, também, os 100 anos de vida do Irmão Carvalho, SJ, junto aos seus familiares, companheiros jesuítas de Feira de Santana, do Ceará e de Salvador, professores e funcionários do Colégio Antônio Vieira- CAV, membros do CIES  e da comunidade do Santuário Nossa Senhora de Fátima.

Na acolhida, Pe. Geraldo relatou, brevemente, fatos da vida do Ir. Carvalho: “Ele trabalhava como ourives e o chamado para servir ao Reino veio ao ler a Palavra do Senhor na “Folhinha do Sagrado Coração de Jesus”; entrou na Companhia de Jesus aos 29 anos, em Baturité, onde ficou até 1949, foi para Fortaleza, Belém, retornou a Baturité para os últimos votos, voltou ao Maranhão e, em 1957, veio para Salvador onde plantou a âncora”. Recordou, também, que o Ir. Carvalho exerceu diversas funções e, no CAV, transcrevia as ocorrências relativas aos alunos, organizava as filas; foi encadernador e, até hoje, é um torcedor do Esporte Clube Vitória, um torcedor centenário!

O Pe. Miguel Martins, Provincial da BNE, presidiu a Celebração e iniciou a homilia cantando “Olha a glória de Deus brilhando, Aleluia!” Recordou que Santo Inácio de Loyola, quando nos propõe os Exercícios Espirituais, diz que nós somos criados para manifestar a glória de Deus; hoje, “nós percebemos a glória de Deus brilhando na vida do Ir. Carvalho e esta é uma oportunidade para refletirmos sobre a nossa própria vida: Como a estamos vivendo?”

Em seguida, afirmou: “ o Ir. Carvalho celebra 100 anos de vida, uma vida tocada pela glória de Deus como São Pedro Crisólogo, cujo nome significa aquele que tem palavras de ouro’. Destacou que a Leitura de hoje “fala do Deus que se comunica com o ser humano como um amigo, perdoa, protege, é próximo, é misericordioso e compassivo. Deus revela-se em nossa vida, caminha com o seu povo”. O Evangelho (Mt 13,36-43) nos traz uma luz par que saibamos viver neste mundo, quando apresenta a metáfora do joio e do trigo: aqueles que se deixam conduzir para Deus e os que se distanciam de Deus. Por isso, agradecemos o presente que Deus nos dá com a vida do Ir. Carvalho e pedimos que a glória de Deus continue brilhando em nossas vidas”. Informou-nos, também, que ,no “santinho” de uma das celebrações do Ir. Carvalho, constavam, apenas, as seguintes palavras: Eu só peço a perseverança final”. E declarou: sua missão hoje, Ir. Carvalho, é rezar pela Igreja e pela Companhia de Jesus, para que Deus nos faça fortes e nossa vida seja uma pura manifestação da glória de Deus”. (Conceição Rocha e Marize Pitta)